Thata Vilella

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Descobertas e Contradições

Sempre me questionei o valor e significado de cada experiência - boa ou ruim - pela qual passei durante a minha vida; mas essa é primeira vez que tenho dificuldade pra encontrar as respostas.

Tenho vivido um turbilhão de coisas novas na minha vida nos últimos meses; perdas e ganhos que têm me feito pensar, aprender e crescer muito. Mas até agora, eu ainda não tinha ficado sem saída; pelo menos não até esse fim de semana. Peguei-me buscando retomar contatos que há tempos havia cortado; pra ser mais exata, estiveram suspensos durante todo o tempo em que morei na casa da minha mãe.

Casa da minha mãe; uma espécie de casa que era minha sem nunca ter sido. Um lugar onde eu apenas dormia, acordava e fazia as atividades normais do dia - a - dia; e aliás, ter esse direito sempre foi algo que me custou muito caro. E não foi algo que tenha começado recentemente, pelo contrátrio; suportei isso durante toda a minha vida, ou pelo menos desde o tempo em que me entendi por gente.

O fato é que, desde que tomei coragem e resolvi sair de casa - e precisei mesmo "levar uma sacudida" pra isso - , venho experimentando as mais diversas emoções; tenho oscilado da alegria à tristeza - passando pela confusão - , tão rápido quanto um foguete. E no meio de tudo isso, milhões de perguntas; perguntas para as quais o tempo tem me mostrado a resposta, e que tem me ajudado a amadurecer.

Mas a cada dia que passa, a coisa tem tomado proporções cada vez maiores; e surpreendentes. Há uma semana atrás, reencontrei uma prima, que já havia morado na minha casa e eu não via desde que ela saiu de lá. Nos encontramos no ônibus, quando eu estava a caminho do meu primeiro encontro com Fernando (falo disso depois!!!!). Conversamos até a parada onde desceríamos - saltamos no mesmo lugar, já que eu ia ao shopping - e continuamos até o ônibus que ela pegaria passar.

Durante nosso papo, acabei começando a contar pra ela que eu saí de casa, e também falei um pouco - por alto - o porquê da minha decisão; trocamos telefones e marcamos uma praia pra ontem. Passamos o dia todo na praia, e desabafei um pouco com ela: contei a briga que causou a minha saída de casa, e foi justamente nessa hora que tive uma grande surpresa. Ela me contou coisas que eu nunca soube, e que me fizeram entender muitas das coisas que aconteceram e que eu andei fazendo; e confesso que senti muito arrependimento, porque me afastei dela e do meu tio - que mora com ela - baseada no que eu sempre soube da história.

E depois dessa conversa, percebi o quanto com certeza eu posso ter sido injusta; afinal, nunca procurei saber o que de fato aconteceu quando Yalle deixou de morar na casa da minha mãe, e preferi acreditar na versão que ela me apresentou dos fatos, sem sequer procurar saber a outra versão dos fatos. E aí reside a injustiça que cometi, pois me afastei não apenas da minha prima, mas do meu tio também.

E me doeu mais ainda ter agido assim quando ouvi de Yalle algo que eu sempre soube, mas nunca de muita bola: que meu tio sempre gostou muito de mim, e sentia falta de me ver mais. Nessa hora, fiquei me perguntando como pude fazer isso; logo eu, que sempre procurei de agir de maneira justa. E fiquei mais surpresa ainda porque eu parecia não ter a resposta pra essa pergunta; pelo menos, não de início.

Depois, no decorrer do papo e pensando melhor, finalmente percebi tudo: durante toda a minha vida, NUNCA tive opinião própria!!!! Sempre pensei, senti e agi conforme o que minha mãe me mostrava dos fatos; em todas as circunstâncias, nunca me preocupei em procurar saber todas as versões dos fatos, e preferi, todas as vezes, agir conforme aquilo que ela considerava certo. E assim passei minha vida inteira sendo injusta com um monte de gente.

Agora, meu maior questionamento é: como consegui ser assim? Justo eu, que sempre lutei tanto pelo direito de ser eu mesma, percebo que até agora não passei de uma sombra de outra pessoa, de alguém que não era eu. E o pior é que não sei o porquê de ter feito isso. Mas mesmo não sabendo as respostas de que tanto preciso, não desanimo, nem posso dizer que sou infeliz.

Afinal, apesar de toda a tempestade, dificuldades e atribulações pelas quais tenho passado, e mesmo com todos os questionamentos e contradições, tenho crescido muito; e muitas coisas boas têm me acontecido recentemente: tive a preciosa ajuda dos meus amigos na minha mudança de casa, e a cada dia que passa conquisto uma coisa nova e ainda melhor; ganhei uma paz de espírito imensa, desde que estou morando sozinha; e de brinde, conheci Fernando, que a cada dia parece estar gostar de mim e estar disposto a entrar e participar da minha vida.

E no mais, sei que tudo o que me resta a fazer é dar tempo ao tempo e esperar que tudo se ajuste por si só; não posso fazer mais nada além do que já fiz até agora; e esperar, pra mim, tem sido terrível, sendo ansiosa como sou. Aliás, toda essa espera tem sido um grande aprendizado pra mim; esperando as coisas seguirem seu curso - mesmo a contragosto - , estou aprendendo a ser mais paciente, calma e serena. Não é fácil, confesso; mas agora sei, por experiência bem própria, que não é impossível.

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