Thata Vilella

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cartas de Amor - ato de coragem e alívio pra alma

"Cartas de amor são ridículas; se não fossem ridículas, não seriam cartas de amor" . Assim disse o poeta, cujo nome não me lembro agora. Sempre acreditei nisso, mas hoje posso acrescentar mais: "cartas de amor também são libertadoras" . E digo isso por experiência própria, já que há dias atrás escrevi duas cartas de amor, para pessoas diferentes, mas que tiveram, pra mim, o mesmo efeito: me libertar.

Ambas as cartas não foram escritas em papel, mas enviadas por email; porém, como o que importa mesmo é a intenção e a minha, nas duas, era expor meus sentimentos, valeu. A primeira delas escrevi pra Betto, aquele que sempre foi o grande amor da minha, e que eu pensava ter esquecido de vez (e vi que me enganei quando nos reencontramos, há meses atrás) ; a outra, escrevi pra André, um ex - namorado que tive, pelo qual fui abandonada ano passado, e por quem eu também achava que não sentia nada (até conversarmos e começarmos a ter um "casinho").

Em todas elas, o meu desejo foi que eles soubessem o que sinto por cada um; além disso, depois de muito pensar e remoer minha relação com ambos, e das "experiências de reencontro" que tive com eles (que foram bem diferentes, diga-se de passagem) , acabei percebendo que não tinha, como eu sempre havia acreditado, deixado de ter sentimento por nenhum. São sentimentos diferentes, é bem verdade (como também foram e são bem diferentes as relações) , mas o fato é que nunca deixaram de existir, embora a minha vida nunca tenha parado, quando da saída deles.

No caso de Betto, a consciência dos meus sentimentos foi fortíssima, além de um baque imenso pra mim; afinal, nossa separação aconteceu há 5 anos, e desde então eu acreditava que todos os meus sentimentos por ele haviam morrido; e por isso mesmo, meu "baque" foi tão grande: de repente, me vi diante de sentimentos que eu tinha certeza de que estavam mortos e enterrados ou, pelo menos, transformados em outra coisa. Só que, quando ele me procurou há meses atrás, marcando pra nos encontrarmos... fui lá e, diante dele, vi que nunca deixei de amá-lo.

Mesmo assim, achei melhor pensar mais um pouco, pra ter certeza de que era mesmo isso que estava acontecendo; e enquanto eu pensava, continuamos nos vendo. E foi justamente por continuarmos nos vendo, que a "revelação" ficou ainda mais forte pra mim, e eu me senti mais e mais sufocada por aquilo; então, resolvi escrever.

E assim fiz. Depois de muito refletir, e colocar as minhas ideias em ordem (na medida do possível, considerando que, em se tratando de sentimentos, não é muito possível ordenar as ideias) , parti pra ação: escrevi a tal carta, e enviei pra ele. Nela, falei tudo que estava se passando no meu coração (e que até então eu vinha guardando, acreditando que a coisa estava "esquecida") , sem medo do que ele pudesse pensar ou dizer (isso também na medida do possível) .

Me expus pra ele completamente, e a cada palavra que escrevia, ia me sentindo mais leve. E embora ansiasse muito por uma resposta dele, procurei deixar claro que o que eu queria, mesmo, era que ele soubesse dos meus sentimentos. Falei que não estava cobrando, pedindo, esperando, muito menos exigindo nada dele; tudo que eu queria - e esperava conseguir - era me abrir com ele, e me fazer entender. Fui totalmente sincera, sem meias palavras (embora com muito cuidado pra não magoá-lo) ; disse, "na lata" tudo que estava guardado dentro de mim e que, até então, não tinha tido a oportunidade de falar.

E não deixei de ficar surpresa (e até triste, confesso) , quando vi que ele me respondeu, dizendo que sempre soube dos meus sentimentos, e até "respondendo" alguns "questionamentos" , que de certa forma fiz na carta. Doeu muito ler a resposta dele, principalmente porque foi a constatação definitiva de que ele não me ama nem nunca me amou como eu o amo; ou, pior ainda, que ele talvez até me ame, mas não tenha coragem de assumir isso sequer pra si mesmo, muito menos pra mim (e se for assim, fico ainda mais triste, por amar um cara covarde) .

Seja como for, o importante é que falei tudo, e depois de ter escrito, senti-me como se tivesse tirado um peso enorme do meu coração, e completamente livre pra dar continuidade à minha vida, sem qualquer medo de "me sentir traidora" (algo que, mesmo sem saber, eu sentia) . Agora sei que posso (e consigo) abrir meu coração, e dar espaço pra que outra pessoa conquiste meu coração como ele; ou até mais e melhor que ele.

Já minha carta pra André teve outro tom, embora o objetivo tenha sido o mesmo: falar o que sinto. Também no caso dele, acreditava que não sentia mais nada, até começarmos o nosso "casinho" (pra "consolá-lo" da "perda" da namorada - se é que ele um dia a teve, quanto a isso tenho hoje minhas dúvidas) e, em certo ponto da situação, eu perceber que não estava levando as coisas como deveria.

No início foi muito bom, e eu até me diverti; afinal, ele tem uma pegada e beijo ótimos, além de ser inteligente e ter um papo interessantíssimo. Mas essa história toda começou enquanto a namorada dele (que naquele momento era ex - e ainda é, de certa forma) estava viajando, e enquanto ela não voltava tudo correu muito bem. No entanto, foi só ela voltar que a minha "ficha" finalmente "caiu" : vi que, diferente do que sempre pensei, enquanto estávamos longe um do outro, ainda gosto muito dele.

E não que ele tenha mentido pra mim, muito pelo contrário; ele sempre deixou muito claro que é dela que ele gosta, inclusive chegou a ter receio de que eu me envolvesse com ele mais do que eu deveria, e até chegou a dizer que não sabia ao certo o que eu sentia por ele. Eu, claro, achando que era forte, falei que ele não se preocupasse, que estava tudo sob controle. Ilusão minha, pois foi só ela chegar que, no primeiro fim de semana que passamos juntos depois disso e ele começou a desabafar comigo sobre ela (como aliás sempre fazia, desde que fizemos as pazes) , não aguentei: comecei a chorar sem nem me dar conta, e nem consegui esconder isso dele.

Nessa hora, acabei começando a falar pra ele tudo que eu estava sentindo, e a cada palavra que dizia, uma nova lágrima caía; apesar disso, continuei falando, até que não consegui mais "segurar a onda" do que havia começado a fazer, e resolvi parar; mas disse pra ele que escreveria mais a respeito disso pra ele. E fiz isso.

Escrevi uma carta pra ele, na qual coloquei pra fora tudo que ainda estava preso e engasgado na minha garganta e no meu coração. Disse pra ele como me senti quando ele me trocou por ela, mas que já o tinha perdoado por isso (embora o que eu sinto e penso sobre ela nunca vá mudar) , e também falei o quanto me doía ouví-lo falar dela, e saber que ele gosta dela, e não de mim. Disse que, apesar de tudo que aconteceu, ainda gosto dele; e falei mais: que nunca perdi - e nem sei quando perderei - a esperança de tê-lo de volta, e de que ele um dia goste de mim como gosta dela.

Desabafei mesmo!!!!! Disse que tinha ajudado ele a reconquistá-la não por ser legal ou incrível, como ele mesmo já tinha dito; mas porque gostava dele, e só eu e Deus sabíamos o quanto tinha me doído - e dói - fazer o que fiz. Mas também disse que, apesar da imensa dor que senti, faria tudo de novo, se fosse preciso; e faria única e simplesmente por gostar dele, e por isso querer vê-lo feliz, ainda que não seja ao meu lado (como eu tanto desejo).

Sei que talvez ele nunca venha a me corresponder, mas mesmo assim não me arrependo de ter escrito. Também dessa vez, tirei um grande peso do meu coração, e me sinto livre pra de fato abrir meu coração pra outra pessoa. Não que eu me sentisse uma "traidora" , relativamente a André, longe disso; mas hoje vejo que era como se eu não me entregasse completamente, com a esperança de que ele voltaria a me procurar (como voltou) , pedindo pra gente voltar (o que não aconteceu, e eu prefiro acreditar que nunca acontecerá).

Agora posso dizer que é possível sermos amigos. Porque é isso que eu quero e vou fazer: ser amiga dele. Afinal, depois de ter me declarado pra ele, acho que não consigo mais beijá-lo, ser tocada pelas mãos dele (que são deliciosas e macias, confesso!!!! ) . Continuarei ouvindo os desabafos dele e, ao menos pra ele, mostrarei que estou torcendo pela reconciliação dele com ela; e digo pra ele, porque pra mim eu não posso - nem consigo - mentir .

Sou suficientemente corajosa pra reconhecer, ao menos pra mim mesma, que o que eu mais quero é que ele venha a "cair em si" , e veja que ela não o merece; e volte pra mim!!!! Porque, apesar de tudo, ainda gosto dele, e quero que tenhamos a chance de tentar de novo; mesmo sabendo que ele talvez nem me mereça, ou tenha sido feito pra mim. Mas quem disse que as coisas do coração podem ser explicadas ou entendidas racionalmente?

E enquanto essas minhas esperanças, relativas a ambos (e sejam elas vãs ou não) não se concretizam, seguirei a minha vida, mantendo meu coração vivo e sempre aberto, à espera de ser conquistado. E isso um dia com certeza acontecerá!!!!!